'Vale não resolveu o problema de Mariana e de Brumadinho e finge que nada aconteceu', diz Lula sobre impasse em acordos
08/02/2024
Presidente admite ainda não haver perspectiva de avanços em acordos nacionais sobre as tragédias que assolaram Minas Gerais em 2015 e 2019. Vista do rio Paraopeba cheio de lama, dois dias depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho
Foto: Washington Alves/Reuters
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a postura da Vale e da Fundação Renova envolvidas nas tragédias de Mariana e Brumadinho no que diz respeitos aos acordos de reparação que envolvem o governo federal. A declaração foi dada na manhã desta quinta-feira (8), em entrevista a uma rádio de Minas Gerais.
"A Vale não resolveu o problema de Mariana, não resolveu o de Brumadinho e finge que nada aconteceu. Ela imaginava que tinha que pagar R$ 126 bilhões e está oferecendo menos de um terço disso. É preciso brigar pra que a gente faça um acordo justo pro povo da região afetada seja o grande beneficiário desses recursos", disse o presidente, em entrevista nesta manhã.
O presidente diz respeito aos impasses envolvendo os pagamentos aos atingidos das tragédias. Passados oito anos de Mariana e cinco de Brumadinho, parte das indenizações não foi paga e faltam critérios para definir valores e quem deve receber.
O presidente ainda admitiu não haver soluções para os impasses envolvendo o acordo nacional de reparação das tragédias, mas diz que "vai encontrar".
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que intermedia as negociações sobre Mariana, muitas pessoas ainda não foram reconhecidas como vítimas e a nova reparação que está sendo discutida pode chegar a mais de R$ 100 bilhões.
Já as indenizações de Brumadinho foram definidas a partir de um acordo bilionário assinado, em fevereiro de 2021, pela Vale, governo de Minas Gerais, Ministérios Públicos estadual e federal, Defensoria Pública e Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
A mineradora se comprometeu a pagar mais de R$ 37 bilhões em ações realizadas na cidade e em outras da Bacia do Paraopeba. Entre as medidas, estiveram programas de transferência de renda, "projetos definidos por consultas populares" e verbas para os municípios.
As discussões das indenizações individuais, contudo, estão acontecendo a parte, em negociações judiciais e extrajudiciais em curso.
O presidente salientou a crítica à destinação da verba do acordo para obras que não têm relação direta com os atingidos e as tragédias.
"[Precisamos] garantir que aqueles que perderam familiares, seu galinho, seu porquinho, sejam os beneficiários do acordo do Governo Federal", disse o presidente.
No acordo firmado em âmbito estadual, parte da verba será destinado a reformas e construções de hospitais regionais pelo estado e a construção do Rodoanel da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que tem o intuito de desafogar o Anel Rodoviário.
Esta reportagem será atualizada assim que houver um posicionamento da Vale e da Fundação Renova sobre o assunto.
Vídeos mais assistidos do g1 MG